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Do mito de Narciso (II)
Narcissus tazetta
«Quando Narciso morreu, o seu lago de prazer passou de uma taça de doces águas para um cálice de lágrimas salgadas, e as Ninfas dos Montes lamentaram-se, enquanto atravessavam os bosques, no seu dever de cantar ao lago e reconfortá-lo.
E quando elas viram que o lago tinha mudado de uma taça de doces águas para um cálice de lágrimas salgadas, soltaram as tranças verdes dos seus cabelos e choraram para o lago, dizendo-lhe: «Não estamos admiradas que mergulhes dessa maneira no luto por Narciso, tão belo ele era.»
«Mas, o Narciso era belo?», perguntou o lago.
«Quem o poderá saber melhor do que tu?», responderam as Ninfas. «Por nós passou ele sempre mas foi por ti que procurou e se deitou nas tuas margens e olhou para ti. E foi no espelho das tuas águas que reflectiu a sua própria beleza.»
E o lago respondeu: «Mas eu amei Narciso porque enquanto ele se alongava sobre as minhas margens e olhava para mim, em baixo, no espelho dos seus olhos, eu vi sempre a minha beleza reflectida.»
(Oscar Wilde
In: Poemas em prosa / trad. Possidónio Cachapa. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2003, p. 20)
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